12 agosto, 2014

Instalação Casa Kubitschek - Bolsa Pampulha 2013-2014 - Museu de Arte da Pampulha.

Curadoria: Agnaldo Farias, Elisa Campos, Marta Ruiz e Ricardo Resende.

Período de Exposição: 09 de agosto a 26 de outubro de 2014.
MAP - Belo Horizonte /MG



Alan Fontes – As entranhas das casas

                                                                                                                                       Agnaldo Farias - 2014

Entre os vários interesses de Alan Fontes, motivo preponderante de suas pinturas e instalações, sobressai o gosto por desastres. Desastres maiores ou menores, domésticos, como esse que ele encenou na sala de exposições do Museu da Pampulha, ou naturais, como tempestades e tufões, parte considerável provocado pelo homem, decorrências de intervenções que nos consagram como os seres mais destrutivos do planeta. Atento a esse problema, de resto uma evidência que, a julgar pelo presente, o futuro não rimará com estabilidade, Alan, escorado na ideia da casa como um corpo transforma sutilmente a representação de arquiteturas numa modalidade de retrato.

Ao passo em que nos oferece dados objetivos sobre as casas representadas, casas familiares, comuns aos bairros de classe média e média alta de qualquer cidade brasileira, extraídas de fotografias encontradas em revistas e sites, suas pinturas, por outro lado, assemelham-se a retratos. As casas de Alan Fontes têm suas estranhas revolvidas e expostas. As paredes derrubadas escancaram a intimidade doméstica, apresentam com crueza e dilaceramento um típico exemplar da atmosfera aconchegante com que estofamos nosso cotidiano.

Para essa mostra o artista recorre à casa de Juscelino Kubitschek situada às margens da Lagoa da Pampulha, ela própria, como todo o complexo, uma iniciativa ousada do então prefeito sob a forma da primeira grande encomenda à Oscar Niemeyer. Não se trata de uma casa, apenas, mas de um símbolo; a solução da estrutura formal composta por dois volumes trapezoidais perpendiculares, lavrados em branco, tipicamente moderna, anuncia um Brasil otimista, um país que então tornava presente seu futuro.  Crença que o artista desmonta contrastando a imagem nítida da casa com um céu tempestuoso, sombrio; com os móveis, revestidos de cores amenas e neutras como a utopia sonhada, arrastados pelos ventos portáteis dos ventiladores; como as molduras vazias e as fotografias jogadas no chão, ícones ausentes ou desgastados pelo tempo.




















  














(Instalação com pinturas, fotografias, móveis e objetos cobertos de tinta cinza)

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