Curadoria: Agnaldo Farias, Elisa Campos, Marta Ruiz e Ricardo Resende.
Período de Exposição: 09 de agosto a 26 de outubro de 2014.
MAP - Belo Horizonte /MG
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Alan Fontes – As entranhas
das casas
Agnaldo Farias - 2014
Entre os vários interesses de Alan Fontes,
motivo preponderante de suas pinturas e instalações, sobressai o gosto por
desastres. Desastres maiores ou menores, domésticos, como esse que ele encenou
na sala de exposições do Museu da Pampulha, ou naturais, como tempestades e
tufões, parte considerável provocado pelo homem, decorrências de intervenções
que nos consagram como os seres mais destrutivos do planeta. Atento a esse
problema, de resto uma evidência que, a julgar pelo presente, o futuro não
rimará com estabilidade, Alan, escorado na ideia da casa como um corpo transforma
sutilmente a representação de arquiteturas numa modalidade de retrato.
Ao passo em que nos oferece dados objetivos sobre
as casas representadas, casas familiares, comuns aos bairros de classe média e
média alta de qualquer cidade brasileira, extraídas de fotografias encontradas
em revistas e sites, suas pinturas,
por outro lado, assemelham-se a retratos. As casas de Alan Fontes têm suas
estranhas revolvidas e expostas. As paredes derrubadas escancaram a intimidade
doméstica, apresentam com crueza e dilaceramento um típico exemplar da
atmosfera aconchegante com que estofamos nosso cotidiano.
Para essa mostra o artista recorre à casa de
Juscelino Kubitschek situada às margens da Lagoa da Pampulha, ela própria, como
todo o complexo, uma iniciativa ousada do então prefeito sob a forma da
primeira grande encomenda à Oscar Niemeyer. Não se trata de uma casa, apenas,
mas de um símbolo; a solução da estrutura formal composta por dois volumes
trapezoidais perpendiculares, lavrados em branco, tipicamente moderna, anuncia
um Brasil otimista, um país que então tornava presente seu futuro. Crença que o artista desmonta contrastando a
imagem nítida da casa com um céu tempestuoso, sombrio; com os móveis,
revestidos de cores amenas e neutras como a utopia sonhada, arrastados pelos
ventos portáteis dos ventiladores; como as molduras vazias e as fotografias
jogadas no chão, ícones ausentes ou desgastados pelo
tempo.
(Instalação com pinturas, fotografias, móveis e objetos cobertos de tinta cinza)
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