Exposição Individual:
Abertura : Dia 07 de agosto de 2018.
Período: 08 de agosto a 06 de setembro.
Horário: seg a sex – 10h a 19h / sáb – 11h a 15h
Rua Barão de Jaguaripe, 387. Ipanema, Rio de Janeiro.
Sobre Memória da
Paisagem.
Durante uma residência artística
realizada para a produção da exposição ocorrida no Centro Cultural Banco do
Brasil do Rio de Janeiro em 2016, tive contato com um rico material fotográfico
que documentava o desenvolvimento da cidade do Rio de janeiro. Grande parte das
belas fotografias de autoria de Augusto Malta, então fotógrafo oficial do
Distrito Federal, registravam a Exposição Nacional de 1908, ocorrida como um
evento em comemoração ao primeiro centenário da abertura dos Portos do Brasil.
Tal evento seguia na linha de
outras grandes exposições realizadas pelo mundo com o objetivo de
apresentar ao povo um panorama do desenvolvimento nacional. Os palácios e
pavilhões construídos para o evento na região da Urca apresentaram, durante os
três meses do evento uma variada programação cultural. A Exposição e seus prédios foram visitados por
cerca de um milhão de pessoas, sendo a mostra quase toda demolida após o encerramento.
Optei de início por não ir além
dos breves textos aos quais tive acesso para poder adentrar a essa breve
paisagem apenas pelos rastros dela. Como o olhar de um estrangeiro que tateia
momentos históricos desconexos da linearidade dos fatos e baseado apenas nas
fotografias que congelam os instantes sem, entretanto, reter a memória em toda
a sua complexidade sensorial.
O que mais me atraiu sobre a
história da "Exposição Nacional" foi o seu caráter efêmero, como tudo foi
construído e destruído tão rápido. Os palácios suntuosos não tiveram o tempo merecido
para criar uma memória duradoura na cidade, sendo desconhecidos de muitos. Palácios
vitoriosos lavrados em branco, sintomas de um Brasil otimista apareceram e
sumiram rapidamente na cidade como castelos de areia. Persistiram um tempo na
memória das pessoas que lá estiveram e andaram pelos seus corredores e avenidas.
Espaços pelos quais, não podemos mais caminhar.
Ver nas fotos os trajes finos das
pessoas que hoje são borrões nas fotografias, especular sobre as histórias,
ouvir os sussurros das conversas, imaginar os jogos de poder e a rotina dos
trabalhadores que ergueram as edificações e serviram aos visitantes, tudo
serviu de substrato paras as pinturas, que de modo análogo às memórias, guardam
espaço para a edição e criação de novas imagens, nem sempre condizentes com o
que foi.
Os Palácios ainda encontram
abrigo nos espaços da memória e na pintura. Lugares que não podem existir
integralmente nos instantes endurecidos das fotografias, mas que subsistem nas
lacunas existentes nas pinturas, nas frestas das pinceladas, entre uma camada e
outra, nos pentimentos que ainda respiram na superfície do plano pictórico. Como
se o concreto dos prédios se tornasse poroso como ossos, como livros que não podem
mais ser folheados, mas que ainda conservam sua carcaça de livro. O conjunto de
trabalhos se instala na perda de densidade da memória. Memórias desconstruídas
e afogadas em tinta escura. Por mais um momento plenas e abertas à visitação.
Alan Fontes, agosto de 2018.
www.alanfontes.com
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