Sobre Black Lands.
Abril de 2018.
Black Lands é uma pesquisa iniciada em 2016 e que se encontra em
andamento. Uma série de pinturas que representam pequenas casas e outras
edificações arquitetônicas solitariamente compostas em grandes telas negras que
remetem a oceanos tempestuosos.
As casas representadas são em sua
maior parte casas reais, levantadas sobre pequenas ilhas em diversas partes do
mundo, isoladas de qualquer contato ou comunicação civilizatória. Outros
prédios representados fazem parte de uma coleção de imagens de edifícios
públicos historicamente representativos que não existem mais.
A série Black Lands é elaborada a
partir de uma estratégia de composição que contrapõe a representação diminuta
das casas e prédios, realizados de forma naturalista, com grandes áreas realizadas
unicamente com a combinação empastes e camadas de tinta em diversos tons
escuros. Uma espécie de pequena figuração estranhamente anexada a uma tela expressionista
abstrata.
Se considerarmos as estruturas
das casas e prédios como símbolos da ideia de corpo, assim como conceitualizado
por Gaston Bachelard, poderíamos pensar que as pinturas remeteriam ao isolamento
do indivíduo em um mundo complexo e obscuro.
Uma espécie de metáfora da solidão e angustia contemporânea. Tal
metáfora poderia ainda ser percebida sob dois pontos de vista: um primeiro que remeteria
a um isolamento contraditório em uma época permeada pelo excesso de meios de
comunicação e redes sociais. E em um segundo aspecto que remeteria também a uma
indefinição temporal da paisagem urbana, ou a um esquecimento natural a que as
estruturas arquitetônicas (ou corpos, vida a morte) estariam submetidas à medida
que se perdem no contínuo processo de construção e destruição das cidades.
Alan Fontes.
Novo site: www.alanfontes.com
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