13 abril, 2016

Prêmio CCBB Contemporâneo. Alan Fontes - Poéticas de uma Paisagem, Memória em Mutação CCBB RJ



















Fotos Mário Grisolli



Sinopse:

A partir da realização de uma grande pintura que retrata uma área delimitada no Centro da cidade do Rio de Janeiro foi realizada uma residência artística em 2015 em um ateliê temporário na Fabrica Bhering localizada no Rio.

No período de 60 dias a área da grande pintura delimitou a realização de derivas pelo local, nas quais foram coletados objetos e produzidos desenhos e fotos com o intuito de integrar a instalação final que apresenta o conjunto da pesquisa.

A instalação contrapõe a experiência prévia de contato com a paisagem via ferramentas tecnológicas disponíveis com a pesquisa poética que se desdobrou a partir da experiência de habitar a paisagem real por um período de tempo.

O resultado final não se trata de uma pesquisa histórica ou documental, mas poética, acerca das formas possíveis de se perceber a paisagem hoje e de como essa paisagem transforma e estimula uma produção de arte.



Texto crítico da Mostra

(ao meu amor)

A obra de Alan Fontes apresenta como característica a pesquisa de aspectos ligados à arquitetura tanto no âmbito doméstico quanto no urbano. Nesta exposição, Fontes articula esses dois interesses para investigar poeticamente a região no entorno do CCBB.

A cartografia produz instrumentos de análise capazes de auxiliar na localização de si ou dos outros em relação ao espaço. O artista partiu de imagens de satélite, de arquivo e produzidas em jornadas pela região, todas geradas em tempos distintos, para representar esse fragmento do Centro do Rio, expandindo de forma experimental a representação cartográfica e gerando uma obra atravessada não apenas por dados espaciais, mas também pela dimensão temporal, refletindo, assim, a constante transitoriedade da estrutura urbana.

Somado a isso, Fontes criou um ambiente de aparência doméstica composto por objetos encontrados nas ruas dessa região. A cor cinza com a qual foram revestidos os retira do campo dos objetos de uso prático e os transforma em um índice da vida privada. A justaposição do estudo sobre a cidade a partir do céu e dos arquivos com a investigação da existência cotidiana mais próxima das dores e paixões de quem vive na mesma região cria um palimpsesto de tempos e versões que dá visualidade para o fato de toda representação corresponder a uma ficção relacionada aos interesses ideológicos específicos de seu agente. Ademais, somos lembrados por Alan Fontes de que é preciso aprender constantemente formas de enxergar e de que tudo que há no mundo é capaz de produzir sentido para auxiliar a nos localizar no espaço e no tempo.


Bernardo Mosqueira

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